Nos dias que correm, a internet parece ser a solução para tudo: saber notícias, tirar dúvidas, fazer amigos, publicitar produtos, serviços e ideias.
Com uma aparência democrática (só na fachada, porque o acesso eficaz à informação neste meio exige ainda mais conhecimentos, cultura e capacidade de relacionamento de dados, o que dificilmente é igual para todos), acessível e económica (exige investimentos menores na produção e acesso), a net vai paulatinamente alterando o cenário social e económico.
Altera mesmo o cenário material para virtual.
Deixam de se ler jornais em papel (lá fechou o Independente!) para se consultarem as "gordas" online; desaparecem os catálogos luxuosos dos bancos de imagens para se receberem emails semanais com as últimas novidades; acabam as newsletters e aparecem as e-letters; abandona-se o telefone ou os recados em post-it e substituem-se por emails.
Tudo mais silencioso, mais individual, sem memória física, sem repetição garantida.
As coisas desaparecem sem deixar rasto, com um enter ou shutdown.
Enquanto estende a rede, a net vai arrasando ou alterando ofícios e empresas, hábitos, objectos, linguagem, sociabilidades. Somem os impressos de impostos e jornais e hão-de acabar os quiosques, as listas telefónicas, o economato em geral, os jogos da Majora...
Será que esta desmaterialização da cultura não tem consequências?
Ao desenvolvimento da tecnologia devia por outro lado corresponder uma evolução na qualidade dos conteúdos e na forma de os dar a ver. Mas não é isso a que assistimos.
O ensino das tecnologias raramente comporta reflexão, cultura e estruturação. A dita acessibilidade do sistema leva a que todos se assumam como webdesigners, escritores, tradutores ou fotógrafos (quando impresso as pessoas sempre se inibem de publicar qualquer coisa). E no geral temos um público consumidor muito pouco exigente.
Só nos resta uma solução, aos que nos queixamos: invadir um território que, de outro modo, nos deixará irremediavelmente isolados.
Thursday, August 31, 2006
Tuesday, August 29, 2006
Monday, August 28, 2006
Gabinete de curiosidades: as coisas que nós usamos!
Cochonilha: pequeno insecto parasita, de que (numa das espécies) se extrai o carmim, um corante natural.

Almíscar: secreção da bolsa anal de um carnívoro parecido com a geneta ou de uma glândula junto do umbigo de uma espécie de cervo, utilizada para produzir uma essência usada em perfumes (musk).
Âmbar: o cinzento provém do intestino do cachalote e o amarelo é uma resina transparente de um pinheiro da época terciária.

Almíscar: secreção da bolsa anal de um carnívoro parecido com a geneta ou de uma glândula junto do umbigo de uma espécie de cervo, utilizada para produzir uma essência usada em perfumes (musk).
Âmbar: o cinzento provém do intestino do cachalote e o amarelo é uma resina transparente de um pinheiro da época terciária.
Sunday, August 27, 2006
Etimogastronomia: noodles

Os noodles parecem ter a sua origem na China, há mais de 2000 anos, durante a Dinastia Han.
Podem apresentar vários formatos e utilizar diferentes ingredientes, mas são todos igualmente longos, para representar a longevidade. Por isso são normalmente incluídos nos menus de aniversário chineses: quanto mais longos maior será a vida.
O spaghetti e macarrão terão chegado ao ocidente através das viagens de Marco Polo à corte do Grande Cã.
Saturday, August 26, 2006
à minha beira
esbarrondar
estrogido
sertã
sachola
testo
sulipas
carapins
cruzetas
casa de jantar
persiana
bico de pato
senapismo
desandador
confeitaria
verter
estorcegar
estrogido
sertã
sachola
testo
sulipas
carapins
cruzetas
casa de jantar
persiana
bico de pato
senapismo
desandador
confeitaria
verter
estorcegar
Trocar os quês pelos kês
Aprendi um português que, na prática, deixou de ser usado.
Começa na ortografia, com as mensagens em sms. Porque estas exigem economia nos caracteres, vimos os "ques" abreviados para "k", quando com um pouco de ginástica mental se podiam manter as frases intelegíveis e a pontuação e grafia correctas.
O hábito desta escrita rápida levou à contaminação dos emails e agora a dos comentários nos blogues.
Mas da alteração na grafia passou-se à mudança estrutural na gramática, porque são inúmeros os casos de frases que começam com sujeito mas nem chegam ao predicado, que seguem sem ritmo nem ordem, ou que pura e simplesmente ignoram por completo as vantagens da pontuação.
No entanto, o mais preocupante é que, de atropelo em atropelo, o significado acaba por ser atingido e acredito mesmo que a língua esteja na origem de muitos mal entendidos geracionais.
A "generation gap" é, em Portugal, um problema de português.
O terreno da língua é movediço, bem sei, com acordos ortográficos, neologismos, língua viva, universo de falantes, Saramagos, etc., mas será que não existe ainda um território do correcto, com fronteiras reconhecíveis?
Falar e escrever bem (ou correctamente) custará mais do que fazê-lo mal?
Começa na ortografia, com as mensagens em sms. Porque estas exigem economia nos caracteres, vimos os "ques" abreviados para "k", quando com um pouco de ginástica mental se podiam manter as frases intelegíveis e a pontuação e grafia correctas.
O hábito desta escrita rápida levou à contaminação dos emails e agora a dos comentários nos blogues.
Mas da alteração na grafia passou-se à mudança estrutural na gramática, porque são inúmeros os casos de frases que começam com sujeito mas nem chegam ao predicado, que seguem sem ritmo nem ordem, ou que pura e simplesmente ignoram por completo as vantagens da pontuação.
No entanto, o mais preocupante é que, de atropelo em atropelo, o significado acaba por ser atingido e acredito mesmo que a língua esteja na origem de muitos mal entendidos geracionais.
A "generation gap" é, em Portugal, um problema de português.
O terreno da língua é movediço, bem sei, com acordos ortográficos, neologismos, língua viva, universo de falantes, Saramagos, etc., mas será que não existe ainda um território do correcto, com fronteiras reconhecíveis?
Falar e escrever bem (ou correctamente) custará mais do que fazê-lo mal?
Monday, August 14, 2006
Con+ tradições
Profissionalismo? Desconhecido nesta morada
Lisboa. Capital. Agosto, época turística em pleno. Domingo.
Não é possível que seja tão complicado encontrar um sítio decente, à beira-rio, para almoçar!
Tentámos o Aquário Vasco da Gama que apresenta no seu site "uma cafetaria recentemente inaugurada". Não existe, nas palavras do oficial de serviço que nos atendeu à entrada.
Dah! Então porque é que continua a aparecer no site?

Seguiu-se a cafetaria do Complexo Desportivo do Jamor.
O segurança desconhece-a (bom prenúncio!), mas decidimos tentar a zona do ténis. Lá estava! Numa zona aprazível, entre árvores, com pouco movimento como apetece, imaginámos encontrar uma esplanada animada, bem cuidada, com serviço de mesas, saladas, gelados, frutas! Desilusão: as mesas e cadeiras desabrigadas ao sol, um ambiente entre FNAT e tasca, nem um empregado à vista.
Grrr! Que desperdício...
Nova tentativa. Uma das esplanadas do Jardim de Algés.
Sombra fresca a convidar ao descanso nas cadeiras de realizador brancas. Aparentemente não há serviço de mesa; volto à mesa para buscar dinheiro, porque não posso fazer o pagamento ao levantar o pedido (!); se os doces à vista prometiam uma sobremesa agradável, começa a surpresa ao saber que não há qualquer tipo de salgados; "pode pedir uma tosta mista, mas como o pão de forma acabou, tem de ser em carcaça" (bola de plástico inflada que já devia ter sido banida por enganar quem quer um pão); coca-cola em garrafa? "não há!"; um néctar? "só temos dois!"; duas variedades? "não! duas garrafas, uma de tutti fruta, outra de pera".
Desisto! Tanto miserabilismo põe-me doente...
Passamos velozmente a Vela Latina, com a memória ainda fresca de outras experiências de mau serviço, que como sempre estava atulhada de turistas.
Última tentativa. A Cafetaria Terraço no CCB.
Sempre é sossegada, tem aquele belo mobiliário do Daciano Costa e vê-se o rio.Mas... se os funcionários são simpáticos e prestáveis, o que dizer do serviço? Ao último cliente deveria corresponder um serviço de qualidade igual à que o primeiro recebeu... engano! Pouca comida, nenhuma variedade, o mesmo preço. Na esplanada, as cadeiras desordenadas misturavam-se com garrafas, papéis e vidros no chão e os tabuleiros abandonados enchiam por completo as mesas.
Como é possível que os portugueses não tenham a mínima noção de profissionalismo?
Como é possível que, não tendo formação em marketing ou restauração, não tenham pelo menos o bom senso de se porem no lugar do cliente para perceberem o que poderiam fazer para melhorar o seu negócio?
Brio e consideração pelos outros é a revolução necessária...
Não é possível que seja tão complicado encontrar um sítio decente, à beira-rio, para almoçar!
Tentámos o Aquário Vasco da Gama que apresenta no seu site "uma cafetaria recentemente inaugurada". Não existe, nas palavras do oficial de serviço que nos atendeu à entrada.
Dah! Então porque é que continua a aparecer no site?

Seguiu-se a cafetaria do Complexo Desportivo do Jamor.
O segurança desconhece-a (bom prenúncio!), mas decidimos tentar a zona do ténis. Lá estava! Numa zona aprazível, entre árvores, com pouco movimento como apetece, imaginámos encontrar uma esplanada animada, bem cuidada, com serviço de mesas, saladas, gelados, frutas! Desilusão: as mesas e cadeiras desabrigadas ao sol, um ambiente entre FNAT e tasca, nem um empregado à vista.
Grrr! Que desperdício...
Nova tentativa. Uma das esplanadas do Jardim de Algés.
Sombra fresca a convidar ao descanso nas cadeiras de realizador brancas. Aparentemente não há serviço de mesa; volto à mesa para buscar dinheiro, porque não posso fazer o pagamento ao levantar o pedido (!); se os doces à vista prometiam uma sobremesa agradável, começa a surpresa ao saber que não há qualquer tipo de salgados; "pode pedir uma tosta mista, mas como o pão de forma acabou, tem de ser em carcaça" (bola de plástico inflada que já devia ter sido banida por enganar quem quer um pão); coca-cola em garrafa? "não há!"; um néctar? "só temos dois!"; duas variedades? "não! duas garrafas, uma de tutti fruta, outra de pera".
Desisto! Tanto miserabilismo põe-me doente...
Passamos velozmente a Vela Latina, com a memória ainda fresca de outras experiências de mau serviço, que como sempre estava atulhada de turistas.
Última tentativa. A Cafetaria Terraço no CCB.
Sempre é sossegada, tem aquele belo mobiliário do Daciano Costa e vê-se o rio.Mas... se os funcionários são simpáticos e prestáveis, o que dizer do serviço? Ao último cliente deveria corresponder um serviço de qualidade igual à que o primeiro recebeu... engano! Pouca comida, nenhuma variedade, o mesmo preço. Na esplanada, as cadeiras desordenadas misturavam-se com garrafas, papéis e vidros no chão e os tabuleiros abandonados enchiam por completo as mesas.
Como é possível que os portugueses não tenham a mínima noção de profissionalismo?
Como é possível que, não tendo formação em marketing ou restauração, não tenham pelo menos o bom senso de se porem no lugar do cliente para perceberem o que poderiam fazer para melhorar o seu negócio?
Brio e consideração pelos outros é a revolução necessária...
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