Saturday, August 26, 2006

Trocar os quês pelos kês

Aprendi um português que, na prática, deixou de ser usado.
Começa na ortografia, com as mensagens em sms. Porque estas exigem economia nos caracteres, vimos os "ques" abreviados para "k", quando com um pouco de ginástica mental se podiam manter as frases intelegíveis e a pontuação e grafia correctas.
O hábito desta escrita rápida levou à contaminação dos emails e agora a dos comentários nos blogues.
Mas da alteração na grafia passou-se à mudança estrutural na gramática, porque são inúmeros os casos de frases que começam com sujeito mas nem chegam ao predicado, que seguem sem ritmo nem ordem, ou que pura e simplesmente ignoram por completo as vantagens da pontuação.

No entanto, o mais preocupante é que, de atropelo em atropelo, o significado acaba por ser atingido e acredito mesmo que a língua esteja na origem de muitos mal entendidos geracionais.
A "generation gap" é, em Portugal, um problema de português.

O terreno da língua é movediço, bem sei, com acordos ortográficos, neologismos, língua viva, universo de falantes, Saramagos, etc., mas será que não existe ainda um território do correcto, com fronteiras reconhecíveis?
Falar e escrever bem (ou correctamente) custará mais do que fazê-lo mal?

No comments: