Sunday, September 28, 2008

Genesis 1, 27


Morreu Paul Newman.
Há pouco a dizer quando o homem mais bonito da história do mundo nos deixa...
Bom actor, discreto e charmosamente distante, inteligentemente preocupado com os outros, monogâmico... o homem era quase perfeito e fácil de se manter na nossa memória.

Obrigada às amigas que se lembraram que eu ia ficar triste!

Friday, September 26, 2008

dúvidas fiscais

Porque é que existe a figura "Consulta de mesa" em restaurantes e cafés?

Será que a mulher-a-dias do Ministro das Finanças passa recibo?

Ascot e l'Omo



quem tem melhor inspiração?

Thursday, September 25, 2008

à la recherche du temps perdu

tempo moscas*




esta manhã acordei convencida que estávamos em terça-feira, e afinal já vamos em quinta!
Fui virtualmente roubada nesta semana em dois dias, porque o tempo está a voar; escapa-se-me a toda a hora, todos os dias e todos os anos. Fiz 44 quase sem dar por ela, já consigo dizer frases "há 25 anos atrás" e no entanto lembro-me disso como se fosse no ano passado.

As listas de coisas a ver, a fazer, a estudar empilham-se e soterram-me, porque nunca vai haver tempo para classificar e arrumar todas as fotografias que tirei, estudar os países que não encontro no mapa e os reis que teimo em esquecer, telefonar e escrever aos amigos que me podem começar a ignorar, visitar os 100 museus de Lisboa, ler os 3000 livros que tenho em casa, aprender o espanhol, o morse, a linguagem gestual e o mandarim e gozar por nada fazer.
É. Nunca mais tive, como dizia uma irmã minha, aquela sensação de férias, de desresponsabilidade, de me sentar sem culpas nem ânsias a ver o tempo a passar.

*tradução literal

Monday, September 22, 2008

Davids e Golias

Os portugueses - que têm uma natureza já de si dramática e com tendências catastrofistas - encontram na conjuntura internacional de crise económica uma forma de aguçar os apetites de tragédia.

Hoje ouvi uma entrevista a uma cidadã algarvia que se queixava de que a enxurrada que sofreram na noite de Domingo (parece que por culpa de uma obra mal feita do Polis) a ia obrigar a fechar a loja e despedir as 4 funcionárias, porque os bens que lá tinha, ficaram debaixo de água.
Que economia resiste com exemplos de empresários deste tipo que sossobram ao primeiro embate? Não há seguros ou margens de manobra para aguentar qualquer contrariedade?

No extremo oposto, aparecem exemplos que roçam o surrealimo. É o caso de uma fábrica de componentes de automóveis em Nelas, a Borgstena, que depois de assistir à destruição das instalações pela segunda vez (o incêndio aconteceu no mesmo dia do ano 2006), se propõe reconstruir tudo para manter os 320 postos de trabalho.
Ah, valentes!

Wednesday, September 03, 2008

de pôr e tirar



www.sleevesclothing.com

o mundo é feito de mudança


Por que é que tanta gente à minha volta anda a sentir-se de pernas para o ar, desmotivada, entristecida, aflita, por causa da falta de dinheiro e perspectivas, porque não têm estabilidade aos 40, porque os dias se sucedem sem glória nem novidade, porque lhes faltam motivos para acordar ou seguir em frente, porque não sentem evolução?

A primeira coisa que me ocorre é que as pessoas se habituam muito rapidamente a um mapa, um projecto mental que construiram sobre si e que os desvios lhes causam sofrimento. Ainda não navegam por GPS, onde a simpática menina lhes corrige a "ruta" e apresenta alternativas.
Habituam-se a criar um modelo de vida que inclui evolução (leia-se sucesso económico, progressão na carreira), estabilidade (empregos de uma vida, reforma garantida, tecto próprio a prestações suaves), mas que também cria esterótipos de comportamento (não se pode andar de cavalo para burro; não se "descompra" uma casa para alugar outra num sítio mais económico; não se bate à porta de uma "instituição" a propôr projectos, espera-se por um contacto ou movem-se influências).

A segunda coisa que me ocorre é que as pessoas assentam a sua vida fundamentalmente sobre uma base material, económica. E quando ela falha ou se altera, sofrem.
Começam logo por ter hábitos de funcionamento e um padrão de consumo exigentes.
Ao ver outro dia um divertido filme italiano que se situava no pós-guerra de 45 (Le Ragazze di San Frediano) apercebi-me da distância que há entre a actual noção de "dificuldades" e a realmente existente nessa época: ali não havia o que comer, as pessoas inventavam e aceitavam todos os trabalhos, deslocavam-se de fato e gravata em bicicleta...
Provavelmente precisamos de muito menos do que temos.
E decididamente precisamos muito mais do que perdemos: tempo para pensar e estabelecer prioridades, tempo para os outros, tempo para apreciar.