Tuesday, April 29, 2008

memórias de verões passados


Os dias que começavam cedo, quando ainda era frio lá fora e saíamos de casa arrepiados, nas nossas blusas leves de manga curta, à espera que o sol começasse a brilhar.
As brincadeiras aos detectives, com agenda, lápis em punho, na busca de "pistas" dos crimes inventados.
Subir aos muros, à cerejeira nas traseiras de casa, brincar nos terrenos dos serviços municipalizados, fugindo aos guardas e trazendo pequenos restos de lâmpadas que serviriam de lanternas em brincadeiras miniaturizadas.
Os dias do teatro, com cenografia improvisada - palco, reposteiros pendurados em cordas, cadeiras para público - guarda-roupa de vestidos compridos antigos, truques de magia com cobras feitas de meias suspensas por fios de nylon.
O jantar engolido à pressa, a terminar com cerejas, tão do dia e cheias de sabor, para ir brincar lá fora, ainda dia.
A sensação inolvidável do primeiro dia de férias, com a pasta de couro vermelho para pôr às costas arrumada a um canto, e o tempo que se esticaria longaaaaamente por três meses cheios mas tranquilos, lentos, saboreados.
As idas à quinta, com lanches à sombra do magnífico cedro e corridas pelo canavial a evitar os poços.
As tardes de desenho a inventar histórias e a desenhá-las: os minúsculos africanos e Callie, heroína espacial.
As estadias na aldeia, com viagens de burra, apanha de morangos, jantares no terraço ao pôr-do-sol, sentados em cadeiras de tiras de borracha, que se afastavam com o nosso peso, corridas de carrinhos e de corredores de bicicleta em plástico, passeios a pé depois do jantar, lavar roupa no tanque comunitário, ir buscar água de cântaro no fontanário público onde era preciso carregar com força na torneira que deixava escorrer água pelos braços e regressar com ele sobre a rodilha na cabeça. Amigos inseparáveis, longas cartas.
Idas à feira em Setembro, com farturas, Sumol de laranja, bolinhas de serradura, furos de brindes Regina, tachinhos de alumínio, areia nas sandálias, voltinhas no carrocel duplo.
Idas ao Fontelo, gritos de pavões, muitas corridas à sombra e frescura das árvores, arranhões nos joelhos, laranjada Bussaco numa casa com azulejos aos quadrados pretos e brancos.
Brincar aos países, ao mata, ao Festival da Canção nas escadas da entrada de casa.
As férias na praia, campismo com pinhal, caça nocturna aos gambuzinos, comer ao ar livre, nadar na piscina até os dedos quase cairem de tão engelhados, andar de sulipas, a minha saia vermelha com pregas, ler na cama de rede com o som de fundo das relas, comer camarinhas.
O regresso a casa depois da praia com o encanto dos cheiros: a caixa do correio de madeira, o arroz de ervilhas e rissóis de pescada feitos em casa, a cera no corredor, o pijama lavado, a almofada da mãe.

Que bom ter destas memórias de infância...

Dieta de verão

e se a revolução se atrasasse?



como eu me atrasei neste post...
a fotografia foi tirada no próprio dia, sobre uma memória de outras épocas que resiste numa parede da Ajuda.

O 25 de Abril deve estar vivo enquanto memória individual e ser partilhada pela escrita, oralidade, pela imprensa, mas deixem de parte as celebrações saudosistas televisivas, que surtem o efeito contrário e ridicularizam em vez de exaltar.

Friday, April 25, 2008

vai tudo ao molho e alguma coisa há-de estar bem!

Transcrição da entrevista à Miss South Caroline, no decurso da prova para Miss América:
- Pesquisas recentes revelaram que um quinto dos americanos não conseguem localizar o seu país no mapa. Porque é que acha que isso acontece?
- Pessoalmente acredito, que os norte americanos não são capazes porque... ãh... algumas pessoas por aí no nosso país não têm mapas. E eu acredito que a nossa educação...ãh...como a da África do Sul e do... Iraque...e todos os lugares semelhantes...ãh... eu acredito que deveriam ser.... a nossa educação aqui! nos EUA... deveriam ajudar os EUA... deveriam ajudar a África do Sul e o Iraque e os países asiáticos, de modo que sejamos capazes de construir o nosso futuro, para as nossas crianças...

Sunday, April 06, 2008

oliveiras, de todas as maneiras



A primeira de Hans Memling e a segunda de Elena Odriozola.
Ambas me inspiram paz.

música a cores


Clair de lune from musanim on Vimeo.