A teoria é olhada com desconfiança pelos tecnocratas.
Temem o "atraso" que provoca na marcha para diante. Entende-se que se queira avançar pelo efeito paralisador que tiveram anos de governação sem espinha dorsal, de medidas avulsas, excesso de diálogo e de meios.
Mas hoje em dia governa-se sem Norte, segue-se no regime de navegação à vista.
A reflexão é urgente porque não podemos ignorar os efeitos de agir sem planeamento. Porque são evidentes as falências do sistema, até à escala global. E porque não devemos perpetuar o erro.
É claro que pode acontecer que à chegada ao abismo esteja a solução.
Que a mudança de comportamentos que se exige, só se consiga, não por reflexão e conscientemente, mas por inevitabilidade.
As pessoas parecem conseguir reagir apenas aos cenários extremos e reconstruir a partir do nada.
A iniciativa da Gulbenkian de promover um debate sobre o Estado do Mundo é tão ambiciosa quanto louvável. Convidou pensadores que levaram a cabo um ciclo de lições "A urgência da teoria", com reflexões que deveriam ter sido alvo de atenção, discussão e publicidade.
Infelizmente, temo que as ideias, sugestões, críticas e análises que poderiam ser tão estimulantes, vão ficar encerradas no papel e nas prateleiras de alguns poucos, que acabam por as consumir como romances, incapazes de suster a onda de indiferença que nos atinge.
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