No estado em que as coisas estão, o meu chuveiro é praticamente a única coisa que se apresenta enérgica e positiva ao longo do dia.
O clima de desânimo nacional apodera-se dos noticiários, das repartições e das famílias.
Sucedem-se notícias de estados comatosos de marcas históricas como a Vista Alegre/Casa Alegre/Atlantis, encerramento sucessivo de multinacionais e fabriquetas nacionais, deficientes sem assistência, exames eliminados da quase totalidade das disciplinas no final da escolaridade obrigatória, as maiores taxas de tudo o que é mau e as menores de tudo o que é bom. You name it!
Mas nem sequer há crítica ou leituras alternativas dos jornalistas.
Como alguém me salientou, é curioso reparar que, em qualquer reportagem de encerramento de uma fábrica, aparecem os trabalhadores ao molho a reclamar, uma figura furtiva de director a entrar num carro potente sem prestar declarações, e nem um pio dos quadros técnicos! Não se ouve uma declaração ou entrevista a um engenheiro, contabilista ou director de marketing. Provavelmente porque os seus lugares já estarão assegurados...
O pior de tudo é o impasse prolongado em toda a vida económica do país, efeito de um PRACE comprido mas não cumprido. Não há meio de se tomarem decisões definitivas, de se aplicarem regulamentos e medidas anunciadas, de se assumirem frontalmente os afastamentos inevitáveis.
E essa lentidão corrói o entusiasmo, a confiança das pessoas nas instituições, nos dirigentes e nalguns casos até nos colegas, que começam a apresentar-se como concorrentes.
É difícil, até para as mentes mais resistentes, resistir a este clima peganhoso.
Talvez um banho ao fim do dia seja a solução...
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